:: Música ::
Fernanda Takai - Luz Negra
Fernanda Takai - Luz Negra
NOVO LANÇAMENTO EM CD E DVD - AO VIVO

          Fernanda Takai acaba de lançar o CD e DVD Luz Negra, um desdobramento do CD acústico Onde brilhem os olhos seus, dedicados à Nara Leão, nossa eterna musa, nossa cantora preferida. A doce cantora do Pato Fu parece incansável, depois de escrever um livro, fazer turnês pelo país afora, gravar no Japão e conceder inúmeras entrevistas. Recentemente, conquistou merecidamente prêmios no VMB da MTV como destaque da música popular brasileira. Fernanda Takai pode ser pop, pode ser MPB, ou o que de melhor ela quiser fazer, é uma mistura de talento, graça e ousadia. Acredito que Fernanda esteja muito feliz, parece ser uma pessoa iluminada, cheia de vida e musicalidade para compartilhar com sua gente e seus fãs, porque a responsabilidade que lhe adveio deve ter sido imensa e quase intransponível. Em determinada parte do DVD ela confessa que às vezes , quando pouco ou nada se espera da realização de algo na vida, eis que nos superamos com irretocável êxito. Fernanda Takai se superou de novo, conseguiu produzir mais uma jóia musical.Consegue fazer reeleituras da Jovem Guarda, de chorinhos e até de coisas pop do Michael Jackson. Ela é incansável!

Fernanda Takai - Luz Negra
           Luz Negra é um trabalho imperdível, fascinante, memorável, tanto pela capacidade dos músicos, como pelo arremate da iluminação, a equipe de produção e a escolha do repertório. A reeleitura dos clássicos da bossa nova como Insensatez, o Barquinho, Ordinary World (da banda oitentista Duran Duran), são plenamente convincentes; gostaria de ouvir e ver Fernanda interpretando algumas canções de Paul McCartney, quem sabe, Distractions, Another Day, Heart of the Country, Blackbird...
          No DVD encontramos as ótimas releituras de Com açúcar com afeto e Diz que fui por aí, músicas insuperáveis na voz de Nara. Neste trabalho encontramos a guitarra discreta, irrepreensível, sem exageros, clean, de John Ulhoa. Os arranjos estiveram por conta do maestro Lulu Camargo. Espero que ela sempre o tenha por perto, pois os teclados e arranjos do maestro parecem-me fundamentais para a plasticidade do show, da estética predominantemente suave, neo-bossa novista e pop, que faz de Fernanda Takai e do Pato Fu uma referência essencial para quem ainda acredita em boa música nesse caldeirão sonoro mundial.
Texto: Everi Rudinei Carrara

Nariz de porco não é tomada - Pepe Bueno
Pepe Bueno - Nariz de Porco não é tomada

            Pepe Bueno é baixista e fundador da banda paulistana Tomada. Recebi com extrema satisfação o primeiro disco solo dele, que se intitula "Nariz de porco não é tomada". Gostei do trocadilho, da capa, lembrando-me algo do designer do lendário Jethro Tull, em tons amarelos e cores dispersas. Se fosse em vinil, ficaria ainda mais original. Bons tempos, não muito distantes.

          O disco está bem produzido, com notórias influências setentistas (Rita Lee, Tutti Frutti, Casa das Máquinas, Luis Carlini, The Faces, Rolling Stones...) . É ouvir e perceber o timbre das guitarras, o baixo pulsante, letras diretas, batida seca. Podem dizer que esse som é "datado", porém, o que importa é que é rock'n' roll e isso basta. O som desse disco é verdadeiro, sincero, fiel às origens do rock gutural. Por isso que Chuck Berry, um dos ícones do rock, sempre resiste aos modismos, desafiando todos os obstáculos, emocionando sucessivas gerações. Com Nariz de porco não é tomada, percebe-se exatamente isso, apesar de simples, Pepe Bueno produz rock'n'roll, soa ainda eternamente novo, ousado, visceral e bem feito. Aliás, o rock parece ter voltado a ser marginal, pois o que se ouve nas emissoras de rádio e TVé o advento de várias bandas de hip hop, rap e outras miscelâneas; o rock'n'roll figura com certo ar underground em pleno século 21.

          Que bacana que Pepe Bueno possa produzir músicas tão eletrizantes, do começo ao final do disco. Para ser ouvido em festas, em momentos de pura alegria, como convém aum disco de rock, sem firulas, sem rodeios e excessos.

Texto: Everi Rudinei Carrara

Discoteca Básica

In the court of Crimson King - King Crimson
King Crimson

         Álbum inaugural do conjunto concebido em 1969. A formação do momento contava com Robert Fripp (guitarra); Greg Lake (baixo e vocal); Ian McDonald (sopros, mellotron, vocais); Michael Giles (bateria, percussão, vocais) e Peter Sinfield (letras). Trabalho excepcional e marcante, que funde elementos de rock psicodélico, progressivo e heavy metal. Para muitos, o marco inicial do rock progressivo como o conhecemos. Letras pessimistas e sonoridade que permeia desde a agressividade até o puro lirismo.

Não há como não fazer menção à capa do álbum, que mostra a pintura de um rosto em desespero. Capa clássica das clássicas! Vamos às músicas:

21 CENTURY SCHIZOID MAN including Mirrors

          O disco já começa com um som estranho de um mellotron. Em seguida entra rasgando uma guitarra distorcida acompanhada do sax. O susto começa grande e se amplia com o vocal totalmente rasgado e incisivo. Letra pessimista sobre o futuro da humanidade no século XXI. A bateria e o baixo destacam-se com um riff empolgante da guitarra e do sax combinados. Os instrumentos continuam em progressão e de repente a música se acelera e combina elementos jazzísticos no mesmo compasso, enquanto um solo de guitarra dita o ritmo e o baixo e a bateria arrasam no acompanhamento. O instrumentos aceleram e diminuem o ritmo como numa brincadeira até tudo voltar ao riff inicial. É retomada a letra e a música acaba com todos os instrumentos em o que parece ser uma corrida de 100m rasos. Não há como negar o impacto inicial.

I TALK TO WIND

          Após recuperar-se do susto, uma linda melodia é introduzida por uma flauta e uma bela voz que, ainda em tom pessimista, revela solidão e desilusão. Som bem sessentista, onde os instrumentos não buscam nenhuma reviravolta a não ser acompanhar o vocal delicado e melodioso. A flauta se destaca conduzindo o seu encerramento e deixando o ouvinte mais relaxado. Linda música!

EPITAPH including March for no Reason and Tommorow and Tommorow

          O rufar dos tambores acompanhado de uma belíssima melodia construída pelos teclados, guitarra e baixo combinados levam o ouvinte a um outro nível de percepção. Com a entrada do vocal ( sensacional ) não há como não sentir o clima melancólico e soturno de uma letra que acompanha o conceito do álbum até então, qual seja , o pessimismo. Essa canção fala, de maneira profética, sobre os erros cometidos pelo homem e suas conseqüências. Na minha visão, pode-se interpretar essa letra como um simbolismo do inferno. Bateria e baixo marcados acompanhando a divagação do vocal. Dedilhados de violão embalam o ritmo. O mellotron acompanha os demais instrumentos deixando a música simplesmente maravilhosa e emocionante. A voz em tom, hora de desespero, hora profética, encanta pelo tom dramático. Aqui se acentua a veia progressiva da banda no que tem de melhor, criar um clima mágico com alternações de ritmo épicas. Finalmente o eu-lírico irrompe e anuncia o clímax melancólico e triste. O final é espetacular! Os teclados destacam-se com o rufar de tambores e os solos de bateria. Música ao mesmo tempo marcante, melancólica, bela e inquietante. Clássico!

MOONCHILD including The Dream and The Illusion

          Essa música inicia com solos de guitarra viajantes acompanhados do piano e do vocal calmo e melódico. A letra aparentemente trata sobre uma criatura mitologia em um bosque. O narrador nos conta essa história revestido de trovador. Até então, violões dedilhados, teclado e bateria discretos acompanham as peripécias deste ser. De repente, tudo pára e ouvimos apenas um sintetizador criando uma atmosfera tranqüila. Por vezes, sons de guitarra ou pratos espaçados. Já percebemos uma característica marcante do King Crimson: o experimentalismo. Neste momento, as melodias dão lugar a sons aparentemente sem sentido ou desconexos.

IN THE COURT OF THE CRIMSON KING including The Return of the Fire Witch and The Dance Of The Puppets

          Então toda a “viajeira” acaba com um lindo teclado e uma bateria solando ao som de um narrador contando uma espécie de julgamento em um tribunal sinistro ( que me lembra muito Alice no país das maravilhas ) introduzindo a música que dá nome ao disco. Bela flauta transversa e dedilhado de violões. Deve-se destacar também o lindo coro de vozes. Clima sombrio e amedrontador. O mellotron e bateria comandam as ações. É uma música linda, mas inquietante, Deixa-me alternadamente encantado e um pouco incomodado. O solo de flauta é simples, mas bonito, intermeado por um contrabaixo destacado. Toda vez que o vocal intervém me deixa com medo! Tudo, aparentemente, se encerra, porém o experimentalismo continua com as baquetas brincando nos pratos e o mellotron tocando baixinho a mesma melodia, até que a bateria dá as caras novamente e retoma o desenvolvimento da canção.

Rock progressivo e psicodélico na veia!!!

Gente, essa é a minha análise sobre esse disco excepcional que marcou época e, a meu ver, plantou a semente, de fato, desse gênero chamado de rock progressivo. Gostaria de ler a opinião dos amigos sobre essa obra difícil, mas essencial aos amantes de rock.

Texto: Jorge Alencar - Porto Alegre - RS
 
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