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Livros :: |
Roberto
Piva |
Estranhos
sinais de Saturno |
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Estranhos
sinais de Saturno, do poeta paulistano Roberto
Piva, é o terceiro volume de suas obras
completas, organizadas e apresentadas por um dos principais
nomes da atual crítica brasileira, o professor da
Unicamp Alcir Pécora. Dividido em quatro seções,
contém a poesia de Piva produzida do início
dos anos 1980 até hoje: traz, assim, o relançamento
integral de Ciclones, de 1997; o lançamento
do livro inédito que dá título ao volume;
um terceiro grupo de “manifestos” e, por fim,
um CD contendo poemas lidos pelo seu autor. Integram ainda
o volume uma “Nota editorial”, um “Posfácio”
de autoria de outro grande nome da |
crítica
contemporânea, Davi Arrigguci Jr., e uma “Bibliografia”
detalhada. Através desta iniciativa editorial,
um poeta brasileiro contemporâneo tão conhecido
quanto relativamente pouco lido tem sua obra reeditada
à altura, tornando-a devidamente acessível
para o público, a crítica e a academia.
Ouça
o poema Menino curandeiro, lido por Roberto Piva
Leia
entrevista com Roberto Piva, falando sobre este livro
Estranhos
sinais de Saturno - 216 pág.
Ed. Globo
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Lígia
Vieira César |
Poesia
e Política nas canções de Bob Dylan e
Chico Buarque |
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Este
estudo comparativo pretende examinar a ideologia e contra-ideologia
dos textos poéticos de Bob Dylan e Chico Buarque,
na literatura de protesto surgida entre as décadas
de 1960 e 1980. Este ensaio, primeiramente, disserta sobre
a história da música popular norte-americana,
da origem da balada à canção de protesto;
e da origem do samba à criação de um
ritmo genuinamente brasileiro, a bossa-nova e sua variante,
a bossa-nova participativa, tentando evidenciar, em ambos
os contextos, a canção como veículo-manifesto
das reivindicações sociais. São estabelecidas,
então, as influências |
político-literárias
da contracultura em Bob Dylan e o contexto histórico
pré e pós-1964 vivenciado por Chico Buarque.
Em seguida, são analisados o conteúdo ideológico
e contra-ideológico das canções de
Bob Dylan, como poeta engajado na folk music revival,
e a temática das canções de resistência
e de conteúdo órfico de Chico Buarque. Com
esta obra, procura-se demonstrar que apesar das dissemelhanças
culturais e políticas, ambos os autores se coadunam
ideologicamente, na temática de protesto e nas
formas composicionais de suas canções.
Poesia
e Política nas canções de Bob Dylan
e Chico Buarque - 208 pág.
Ed. Novatec
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Cássio
Cavalcante |
Nara
Leão - A musa dos Trópicos |
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O
livro “Nara Leão – A Musa dos Trópicos”,
biografia escrita pelo administrador e fã da cantora,
Cássio Cavalcante, foi lançado
com quase 600 páginas sobre a história da
cantora. A obra prova que a Bossa Nova foi apenas mais um
capítulo de sua carreira.“Nara foi a primeira
cantora consagrada a apoiar o tropicalismo, ela não
foi só musa da Bossa Nova, como era chamada”,
disse o Cássio Cavalcante. O
autor passou oito anos pesquisando particularidades da vida
de Nara Leão, principalmente por meio de entrevistas
arquivadas. “As pessoas dizem que ela não dava
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entrevistas e isso é um mito. Ela não gostava
de invasão. A mulher Nara Leão, a mãe,
vinha sempre antes da artista”, defendeu Cavalcante.
“Ela deu muitas entrevistas”, completou. A
música preferida do fã na voz de sua perfilada
é “Amor nas estrelas” de Fausto Nilo
e Roberto de Carvalho, mas destaca o CD Opinião
de Nara como o mais importante de sua carreira. “Ele
originou o show Opinião, com João do Vale
e Zé Kéti”, justificou..
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Texto:
Isabela Santos
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Arnaldo
Baptista |
Rebelde
entre os Rebeldes |
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O
ícone do rock'n'roll nacional, reverenciado por platéias
de todo o mundo, Arnaldo Dias Baptista, mantém o
mesmo espírito inquieto e anárquico que sempre
o caracterizou. Além da música e do trabalho
com artes plásticas, o eterno líder dos Mutantes
convida seus fãs para uma viagem espacial em seu
livro de estréia, Rebelde entre os Rebeldes.
Apaixonado por ficção científica desde
a infância, Arnaldo estréia na literatura com
as aventuras interplanetárias de um casal que foge
da Terra e vaga pelo tempo e pelo espaço em busca
de paz. Acompanhe um trecho:
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MAURO
Quatro anos se passaram da maneira mais tranqüila
possível para quem está viajando pelo espaço
em direção a outro planeta. O casal já
tivera dois filhos: uma menina de três anos e um
garoto de um. Sarah, a menina, era a imagem da pureza.
Tinha os cabelos negros como o azeviche e um sorriso de
arteira, sua pela vivia corada pelos banhos de luz ultravioleta.
O garoto, chamado Martin, tinha a feição
mais séria e era um pouco rechonchudo. Os dois
passavam o dia inteiro brincando.Durante uma tarde aparentemente
comum, a reinação foi interrompida pelo
piscar da luz de alarme que se encontrava junto à
tela de Horácio, que tomava conta das crianças
enquanto os pais dormiam. Seguindo a orientação
do cérebro eletrônico, Sarah parou de brincar
e foi resignada até o quarto dos pais avisar sobre
o perigo desconhecido.Vestida num baby-doll laranja, Maggie
chegou até a tela, sentou-se na cadeira de comando
e perguntou:
- O que foi, querido? (Era assim que ela passara a chamar
o enorme autômato, porque Mauro não parecia
ter ciúmes dele.)
- Há uma batalha pela frente! - Respondeu Horácio.
- O que?
Maggie deu um pulo da cadeira e, como Horário não
costumava brincar com coisas sérias, foi correndo
acordar o marido. Mauro foi conduzido, meio cambaleante,
até a frente da tela, na qual uma enorme quantidade
de números se acumulara como que por mágica.As
crianças assistiam a tudo divertindo-se com a correria,
mas no fundo estavam um pouco preocupadas com o ar sério
assumido pelos adultos.
- Ouça o que Horácio tem a dizer, Mauro.
- Sinto muito incomodá-los logo depois do almoço,
mas meus sensores localizaram duas astronaves alienígenas
a algumas centenas de quilômetros em aparente atitude
beligerante uma em relação à outra.
Posso observar grandes jatos de energia destruidora partindo
ora de uma, ora de outra. Não sei porque ainda
não nos detectaram. Talvez seus sensores não
sejam tão poderosos quanto os nossos. Gostaria
que tivessem uma visão de suas estruturas externas.Na
mesma hora desapareceram os números da grande tela
e as imagens de duas astronaves surgiram. Deviam pertencer
a culturas diferentes, pois tinham formas completamente
díspares. Uma delas parecia uma esfera negra, enquanto
a outra era uma espécie de emaranhado de módulos
conectados uns aos outros, assim como Fobos, e também
tinha a coloração puxada para o cinza claro.
Primeiro pensaram que a melhor opção seria
passar ao largo da batalha, sem se meter na vida dos outros.
Horácio sugeriu então um grande aumento
de velocidade, coisa que ainda era possível para
casos de emergência. Assim, mesmo que a Fobos fosse
notada e interpelada, ainda haveria chance de escapar
com êxito.
Aprovado o plano, Horácio recomendou que toda a
família tomasse pílulas de sono e se deitasse
para dormir. Era importante que, no caso de um possível
confronto, estivessem todos devidamente descansados. Resmungando
contra foguetes, seres extraterrenos e batalhas no espaço,
Mauro foi deitar dizendo que, cansado do jeito que estava,
não seriam necessárias pílulas. Na
verdade, sentia tanto sono que poderia dormir os seis
anos restantes de viagem até a Nova Terra.
Os quatro foram acordados pelo altíssimo ruído
do Alerta Vermelho. Mauro saiu de seu quarto resmungando
entre dentes as piores pragas que conhecia. Chegou de
pijama mesmo ao posto de combate, que nada mais era do
que o antigo trono do Dr. Harness. Infelizmente não
havia sido possível simplesmente fugir do combate,
e agora eles teriam que enfrentá-lo!Horácio
fornecia à Maggie as coordenadas das duas naves
alienígenas, ao mesmo tempo em que mostrava a Mauro
as piores cenas que havia gravado da batalha. Sempre que
via uma descarga de energia particularmente horrível,
o ex-mecânico xingava com vontade e era imediatamente
imitado pelas crianças sorridentes que brincavam
no chão. Maggie conseguiu captar os sons das emissões
radiofônicas feitas pelos comunicadores internos
de uma das naves. Para sua surpresa, ela ouviu algo estranhamente
familiar. Na mesma hora, pediu para Horácio transmitir
a Mauro as conversações que ela interceptara.
A pessoa que falava parecia usar um inglês meio
estropiado e cheio de erros. Intrigada, Maggie perguntou:
- Será que há alguma chance de termos desenvolvido
tal velocidade que estejamos diante de uma nave terrestre
do futuro, em alguma missão de guerra?
- Pode ser – respondeu o computador. – Nesse
caso, os humanos do futuro estão tendo uma dificuldade
danada para evitar as granadas de luz da nave inimiga.
Na tela principal, agora era possível enxergar
um ser humano através dos vidros da nave esférica.
Sabiam, portanto, que aquela nave escura vinha da Terra
e seus habitantes eram terráqueos, assim como Mauro
e Maggie.
- Caramba! Que surpresa! Mas na verdade, já podíamos
esperar por isso. Uma hora eles chegariam por aqui –
disse Mauro.
- Temos que pensar no que fazer – disse a mulher,
já visivelmente aflita.
- Pensei em uma coisa – falou Mauro. - Eu sugiro
que, quanto estivermos a uma distância um pouco
menor de ambas as naves, disparemos nossos emissores telepáticos
com a música mais calma e sublime dos arquivos.
Talvez a "Sonata ao Luar", de Beethoven. Deve
fazer efeito, pois as duas serão tomadas de surpresa
pela emissão e não saberão de onde
vem. Todos concordaram coma sugestão. Quando chegaram
a uma distância segura das duas naves, Fobos fez
a poderosa transmissão na direção
da batalha. Maggie ficou na escuta do rádio, captando
as ondas sonoras na freqüência dos intercomunicadores.
Ouviu o seguinte diálogo entre as duas naves:
- Parem com isso! Não sabem lutar como cavalheiros?
Que música é essa?
- Não estamos fazendo nada além de jogar
as granadas de luz! Vocês é que estão
enviando essa música para cá!
- Nada disso, tudo é culpa de vocês!
- Já disse que não ligamos música
nenhuma! Mas até que a melodia que vocês
enviaram é bonita...
- Isso é verdade, mas não tente mudar de
assunto...
A conversa se prolongou por um tempo, enquanto as hostilidades
diminuíam progressivamente. Os capitães
das duas naves quiseram então pela primeira vez
saber quais eram as intenções dos inimigos.
Parecia que nesse confronto, ou talvez nessa época
do futuro onde estavam, havia um clima de tensão
tão exacerbado que os dois povos não se
comunicavam, concentrando-se somente em destruir o outro.
Mas agora era difícil lutar contra a música
de Beethoven, que trazia acordes de paz, harmonia e compreensão
entre os seres de todo o universo.
A transmissão continuou por toda a duração
da "Sonata ao Luar". Quando a música
acabou, os habitantes da Fobos assistiram com uma certa
nostalgia à lenta desaparição das
naves, uma para cada lado, como se seus tripulantes estivessem
tristes por não mais ouvir àquela música,
mas aliviados e renovados pela experiência pela
qual haviam acabado de passar.Quando todos achavam que
a página já estava virada e se preparavam
para dormir novamente, o alerta no painel de controle
disparou mais uma vez. Mauro olhou para Horácio
em busca de uma explicação para mais aquela
preocupação:
- Há o que se chama de um torvelinho temporal na
direção da nave alienígena –
esclareceu o computador.
- E o que vem a ser isso, Horácio? - Maggie indagou.
- Me parece que, se continuarmos a nossa rota pré-estabelecida,
haverá um encontro temporal entre a nossa nave
e a dos alienígenas. Há uma grande agitação
de poeira cósmica no rastro da nave deles, indicando
que estão em um tempo ainda por vir para nós.
E a grande coincidência é que o tempo futuro
no qual estão vivendo e a localização
espacial de sua nave são exatamente os mesmos que
alcançaremos ao seguirmos os cursos planejados
de nossa viagem.
- Minha nossa, Horácio! Isso quer dizer que nós
somos os alienígenas num tempo remoto!
- Puxa vida! - disse Mauro - Como pôde ter acontecido
isso? Por que lutamos contra os terrestres?
- Meus senhores, não devemos sair de nossa rota
agora, pois seria uma manobra um tanto bisonha e improdutiva
para nossos objetivos.
- Mas então o que vamos fazer? – perguntou
Maggie
- A nave alienígena ainda está há
uma longa distância no futuro, se mudarmos nossa
direção, a deles também poderá
mudar e fazer com que nossas tentativas não surtam
efeito algum. Recomendo prosseguirmos com os sensores
ligados na direção dos alienígenas
permanentemente. É provável que quando cheguemos
mais perto deles, os sensores nos indiquem os específicos
movimentos que devemos fazer, não deixando tempo
hábil para que a nave alienígena também
se movimente como conseqüência de nossa própria
movimentação. Creio que os sensores captarão
alguma forma de energia do torvelinho, nos indicando para
onde devemos nos mover, a fim de afastarmos o perigo de
uma colisão física. Enfim, precisamos desviar
apenas o necessário, sem sairmos de nossa rota,
para não corrermos o risco de ficar vagando no
espaço sem direção. Caso contrário,
poderíamos ir de encontro a nós mesmos e
acabar numa encruzilhada tão obscura que impossibilitaria
uma mudança de conduta.
Alguns silenciosos minutos se passaram, todos pensavam
na idéia de Horácio mas hesitavam em tomar
uma decisão. Até que Mauro sentou-se na
poltrona de frente para a tela e mostrou toda a força
especulativa de sua mente privilegiada. Falou num tom
explicativo, como quem expunha uma teoria ainda incerta:
- Desculpe se eu me intrometo num assunto que não
conheço bem, pois não passo de um bom mecânico.
Mas estive escutando algumas das conversas que você
e nosso querido cérebro eletrônico têm
travado. Pensei numa coisa que talvez possa solucionar
nossos problemas em relação ao futuro não
muito atraente que acabamos de ver. Corrijam-me se eu
estiver errado, mas a única forma de podermos enxergar
a luz provinda de nós mesmos, ou seja, de termos
uma visão da nossa imagem num futuro, seria através
de uma janela no contínuo do Universo Circular,
certo?
Maggie concordou com a cabeça, encorajando o marido
a continuar.
- Só assim seria possível nos depararmos
conosco do outro lado do círculo que o universo
faz, de acordo com a teoria de Einstein. É por
isso, então, que estamos muito longe de nós
mesmos no espaço físico, na verdade estamos
o mais distante possível, a exatamente o tamanho
do diâmetro do universo. Devemos ter conseguido
desenvolver uma velocidade relativa entre as duas naves
bem próxima, mas abaixo da velocidade da luz, para
que, atingindo o limite do universo visível, tenhamos
nos visto no espelho do cosmos. E os terrestres acabaram
nos perseguindo com tanto afinco que entraram também
nessa vertiginosa viagem do destino. Porém, o encontro
com eles talvez não seja um fator imutável
no nosso futuro! Talvez seja simplesmente necessário
atingirmos uma velocidade relativa bem distante em relação
aos terrestres, mas ao mesmo tempo bem próxima
da de nós mesmos no futuro. Utilizaríamos
assim o registro de futuro que já temos para podermos
evitar o combate.
Um sorriso apareceu na boca de Maggie e na tela de Horácio.
Mauro continuou a falar:
- Bem... nós temos que achar um meio de avisar
nossos semelhantes, quer dizer, nós mesmos no futuro.
Ou seja, temos que descobrir uma forma de transmitir a
eles os conhecimentos que estamos extraindo desse encontro
tão importante que presenciamos.
- Mas que forma seria essa? – perguntou Maggie.
- Não sei bem. Horácio terá que nos
ajudar com isso. Precisamos construir algo como um rádio
temporal que entre em contato direto com os bancos de
dados da nave, para que, na hora exata em que haja uma
constatação de estarem indo de encontro
aos terráqueos num campo de batalha, esse fato
seja revertido. Vocês já repararam que, na
realidade, nós já estamos combatendo os
terráqueos pelos simples fato de que nós
vimos esse combate no futuro?
- Sim, Mauro – respondeu Horácio. - Mas você
também não deve se esquecer que na linha
do universo físico, tudo o que acontece no presente
é um fato histórico imutável, verificado
e visto, constante, embora a batalha tenha sido presenciada
por nós como algo inerente a um futuro nosso, e
todo aquele momento já fazer parte de um tempo
passado agora. Assim, há uma tangente entre passado
e futuro, dentro do plano quadridimensional do Universo
Einsteiniano. Isso nos levou a algo como uma dobra no
tempo, por isso pudemos ver literalmente nosso futuro.
Deve ter havido uma grande aceleração de
ambas as partes, de nós e nossos semelhantes do
futuro, para que essa dobra na geometria do universo aparecesse.
Não será possível enviar os dados
da batalha diretamente para o computador deles devido
a essa dobra, mas posso construir um aparelho de teletransporte
espacial e temporal que levará você para
dentro da nave deles!
- Então eu vou levar os dados que colhemos da batalha,
arquivados em um disquete e, quando chegar lá,
vou inserir o arquivo no cérebro eletrônico
da nave deles. Assim eles terão o conhecimento
que temos. Claro que isso deve ser feito da maneira mais
discreta possível, para não alarmar os habitantes
da nave. Não podemos despertar suspeitas, temos
que deixá-los encontrar as informações
em seu computador sem que fiquem sabendo de nós.
Maggie ficou espantada com o discurso do seu marido.
- Puxa, Mauro! Você andava meio desligado das nossas
conversas, mas agora se revelou um grande físico!
Que maravilha! - disse a mulher, dando um abraço
nele e se dirigindo ao computador. - Tudo isso é
perfeitamente possível, certo Horácio? O
que você me diz, querido?
- De acordo com meus cálculos, dentro de exatamente
quatorze horas, uma cápsula de efeito teletransportador
ficará pronta. Nosso único inimigo é
a inércia.
Dito e feito. Depois de quatorze horas, Mauro abriu a
escotilha da cápsula teletransportadora e, com
um disquete previamente gravado por Horácio, sumiu
e apareceu de repente na frente de uma esplêndida
loura dormindo num quarto. Ficou encantado com a beleza
daquela moça, cujos traços lembravam muito
os de Maggie, quase ao ponto de esquecer que ela deveria
ser sua filha no futuro. Recompôs-se, lembrando
que não podia ser notado naquela nave. Deixou o
quarto e seguiu silenciosamente até a central de
programação do cérebro eletrônico
da nave, o Horácio do futuro.A tarefa de inserir
o disquete no computador sem ser notado por ninguém
foi mais fácil do que imaginara. A família
inteira parecia estar na sua hora de cochilo e Mauro pensou
que talvez Horácio tivesse calculado isso, pois
era muita coincidência. Mauro viu que as informações
estavam sendo assimiladas pelo computador com rapidez,
e imaginou o que seu semelhante do futuro pensaria sobre
aquilo. Nesses momento, teve a certeza de que seu eu-futuro
acabaria descobrindo facilmente os dados da batalha e
os usaria para estabelecer um rota de fuga. A batalha,
agora, não mais se desenrolaria indubitavelmente.
Sentiu ainda que seu semelhante em outro lugar do tempo
perdoaria aquela invasão de privacidade e concordaria
com a atitude que estava tomando agora, provendo a si
mesmo no futuro informações valiosas.De
volta à Fobos, Mauro apareceu em meio a uma nuvenzinha
branca, como aquela fumaça de gelo seco, efeito
esse que deve ter sido programado por Horácio para
criar um clima. O homem não disse nada e saiu pomposamente
da cápsula, Horácio deveria estar se torcendo
de rir por dentro.
- Missão cumprida, queridos! Tudo foi realizado
no maior sigilo. Duvido que nossa pequena invasão
seja detectada. Creio que agora podemos continuar nossa
rota em direção ao planeta desconhecido
sem que sejamos incomodados por novos vórtices
temporais! Cansei dos problemas provocados pelo nosso
deslocamento em altas velocidades pelo espaço sideral.
Pessoalmente, eu preferia as pistas de corrida lá
na Terra!
- Deixe isso para lá, querido. Teremos agora caminho
livre para nosso futuro promissor!
E lá se foram os habitantes de Fobos, cruzando
o universo em busca de uma nova casa e um pouco de paz.
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Rebelde
entre os Rebeldes - 168 pág.
Ed. Rocco
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